Escrita de Pressão. Também em Jorros de Litro.
29
Mai 09
publicado por A.Bruto, às 03:17link do post | comentar

oco

seco

vazio

 

treme

seco

o fio

 

busco outro

e jogo o pião

 

ponho-o a rodar

na palma da mão

duas carambolas dá o pião

salta para o ar

e ainda roda no chão

 

oco

seco

vazio

 

treme

seco

o

fio


28
Mai 09
publicado por A.Bruto, às 01:15link do post | comentar

Entre os dias amorfos e os solarengos desejos

O negrume solitário e a efusiva alegria

De eternas ocasionais companhias

Respirei fundo e enrolei mais um cigarro

Às árvores da praça, tortas e verdejantes

desejei-lhes uma boa vida

enquanto um cão vadio as reclamava como suas

 

Matei a sede e inspirei o fumo do cigarro

Pedi a conta e não paguei

Levei-me a casa da esplanada do café

a ausência do vento castigava-me os olhos

Enquanto pensava no dia seguinte,

sem ter saido sequer de anteontem.

 

Entre as virtudes e os desejos

E as urgências sussurradas ao ouvido

Respirei fundo e enrolei outro cigarro

O cão vadio, agora alegre proprietário

de depósitos inertes de ácido úrico

Intimidou-me com o seu olhar triste

Afinal, o meu mundo era dele

E só nós o sabíamos

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27
Mai 09
publicado por A.Bruto, às 00:05link do post | comentar

Queimar pontes.

 

 

 

Amanhã,

 

pastéis de nata.


26
Mai 09
publicado por A.Bruto, às 22:34link do post | comentar | ver comentários (2)

Não me apetece.

Apetece-me não me apetecer.

Apetece-me ficar a olhar para o papel e para o monitor e fazer isso.

E não me venham dizer que eu não estou a fazer nada.

Estou a fazer o que me está a apetecer.

 

Os papéis (e são tantos) juntam-se em desorganização e espalham-se pelos cantos da mesa, escondidos nas picadas atrás do teclado, saqueando os cigarros que, por incúria, deixo perto dos bandidos, fazendo desaparecer dados, sorvendo a energia em pequenas doses unitárias de meio milímetro de espessura. Os meus papéis são ferozes guerrilheiros, adeptos das melhores tácticas de combate corpo-a-mente. ou mente ao corpo. e o corpo e a mente continuam dormentes.Contrariado, faço o que eles querem. Quem diz que não se deve negociar com terroristas?

 

 

 

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25
Mai 09
publicado por A.Bruto, às 12:50link do post | comentar | ver comentários (4)

Puta que o pariu.

Que aparece assim, de mansinho ou de rompante,

Que nos tolda o caminho e nos torna dependentes

de estímulos químcos e desequilíbrios hormonais

Que confundimos, com a nossa inteligência medieval,

com aquilo a que chamamos de sentimento.

 

Por isso, puta que o pariu

Que nos leva a viver para quem não o merece

Que nos leva a acreditar em quem não o merece

Qu não nos deixa acreditar que isto é mesmo assim

Que não me deixa respirar, porque é mesmo assim

Que não me deixa respirar

Que não me deixa respirar

Não me deixa

respirar

 

 

 


23
Mai 09
publicado por A.Bruto, às 22:15link do post | comentar

e à meia-noite, o relógio de parede, velho como tempo do tasco, soava. Institivamente, levantava-se e pegava na guitarra. "Não era a hora", era quando lhe apetecia. Apetecia-lhe todos os dias e àquela hora. E as mesas com estudantes bifas a comer caldo verde e os bêbados que faziam a procissão das capelinhas e acabavam sempre ali, refúgio do pecador, agarrados, putas e chulos despertavam da sua efusiva apatia, daquela inebriante e falsa alegria e voltava-os para onde vinha aquele.gemer bonito e triste que os empurrava sem que eles se apercebessem, como tísicos, de pernas esticadas para a frente, calcanhares enterrados no chão, olhos fechados, a sorrir como estúpidas crianças, como só as crianças podem ser. E estupidamente sorriam e levavam-se pelo chorar da guitarra em direcção ao abismo.

Quando terminou, todos se tinham esquecido da sua mão de sueca, das minis suspensas a caminho da boca seca. Todos no tasco se apercebiam que tinham vivido um momento que não se iria repetir, mesmo que ele lá estivesse no dia seguinte, à meia noite,


19
Mai 09
publicado por A.Bruto, às 22:09link do post | comentar

salta, treme, rebola, rói a consciência de mãos atadas ao indivíduo. Solta a gargalhada pendente ao pagamento da factura em atraso e cospe na irresponsabilidade.

Refreia os sentidos e age por intenção. Pecúnio e pecado, solto e pago.

 

Respira

 

outra vez, respira...

 

Não consegues? estás morto. morreste. foste um dia absorvido pela redundante simplicidade das coisas e procuraste complicá-las, pela certeza das palavras e pela fraqueza. eterna fraqueza que não permite ver-te ao espelho.


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