Lidas à itaiana,com ênfase nas sílabas roladas,
como se a forma conseguisse emprestar alguma dignidade
ao que foi dito entre duas vontades
Lidas à itaiana,com ênfase nas sílabas roladas,
como se a forma conseguisse emprestar alguma dignidade
ao que foi dito entre duas vontades
Lentamente, o cerco foi declarado, acto de guerra indiferente à situação do indigente país em que se tornou a minha mente. As povoações em pânico soltam gases de pavor enquanto sulfurosos gritos engasgam gargantas tapadas. Soltaram-se as feras dentro da jaula, famintas de vontades.
porque sou fraco e caio em tentação
e informo-me
porque não consigo deixar de pensar
e repensar (e odeio pensar)
porque não consigo deixar de olhar para o buraco que há bem dentro de mim
(onde tu cabes na perfeição)
e ando aos encontrões
sabendo que o rumo não era impossível de descobrir
porque estou magoado
por andares em frente
(de olhos vendados)
quando eu, o eterno eu,
nunca soube andar contigo sem ser
de lado
porque te desejo, neste momento, com toda a gana
que te façam passar por toda a mágoa do mundo
para poder esperar que, um dia, caias em ti
e, inevitavelmente, em mim
porque esta pausa será eterna
Balança a pança
com bonomia,
olha-te de lado,
na indecisão
de te dar a mão
na desconjuntada
terapia da dança
da razão.
De resto, tremo consideravelmente de há uns meses para cá.
Sempre que bocejo, e agora bocejo constantemente, sinto um formigueiro nos braços. Os dentes, que ainda rangem durante a noite, tornam-se insensíveis aos eléctricos espasmos que me percorrem a espinha dorsal.
O equilíbrio,
já de si instável,
consegue ser ainda mais vertiginoso, sentindo por vezes que me falta
o chão
por baixo dos pés.
Ao fixar as letras no monitor, ou qualquer outro ponto que esteja em qualquer outro lugar, na parede, no chão, no ar, desisto do resto do mundo e ignoro-o.
Perco horas de vida a fixar o momento.