Escrita de Pressão. Também em Jorros de Litro.
15
Set 09
publicado por A.Bruto, às 20:48link do post | comentar

A sorte madrasta nunca teve um filho.Tinha sido enjeitada pelos homens e pelo azar, sem que ninguém lhe tivesse pegado para a fazer feliz. Sendo filha única da Vida e do Acaso, nem sequer lhe poderiam dizer que ia ficar para tia. Restava-lhe, apenas, ser a mãe daqueles que, por se desviarem das suas trajectórias, lhe iam parar à porta pedindo um pouco de pão, de calor ou de alento. A sorte, madrasta, lá os aconchegava com uma malga de sopa quente e histórias da vida de outros que por lá já tinham parado. Já aquecidos e sossegados, os descansados adormeciam no seu regaço e eram prontamente sufocados por um amor que os impedia de respirar ou de lutar pela vida.


publicado por A.Bruto, às 09:33link do post | comentar | ver comentários (1)

mecanicamente,

levar as mãos à cara

aperceber-me que estou vivo

ritualizar o tempo decorrido

desde o último suspiro

que me lembro

até ao último do dia

para depois o viver

como se fosse outro dia

quando, de facto,

é o mesmo dia

outra vez

 


14
Set 09
publicado por A.Bruto, às 12:43link do post | comentar

um dia

roubei-te um beijo, sem romantismos nem borboletas

a circundar umas escadas urbanas, depressivas,

de paredes pintadas

 

roubei-to, imaginando que mo darias, mesmo

que não to pedisse

Fosse tudo tão fácil como esse beijo

e ainda hoje te beijaria

 

Pensámos que sendo um para o outro

ainda nos agradaríamos mais

Quando tudo o que precisávamos

era saber roubar beijos um do outro

Sem esquecer porque é que os

queríamos guardar

só para nós


publicado por A.Bruto, às 12:36link do post | comentar

quero rachar-te a cabeça ao meio

e procurar aquilo que perdeste

ou que não queres encontrar

 

quero esmurrar os muros e paredes

até desabarem em pó

quero abrir-te a alma

como o meu peito está aberto

 

quero sofrer-te, viver-te, respirar-te

outra vez

e outra

 

quero aprender a não ser

bestial quando o instinto

me leva a ser louco por ti

 

quero deixar de querer

e voltar a ser o louco por ti

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08
Set 09
publicado por A.Bruto, às 17:14link do post | comentar

pulmões abertos em união, numa comunhão de farsas

em que os gritos vociferados deixam de fazer sentido

tornando-se em mantras populares, com direito a saltos

comunitários

 

Deixem-me ser o que sou, se isso implica deixar de ser

 


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