a minha obsessão, presa ao desumano sentimento
abram-se os diques e afoguem-se nas ilusões,
concentrem-se em ramos flutuantes de duvidosa solidez
apertem as pedras contra os bolsos e abram a boca sem falar
percorram os rápidos contra as rochas ocasionais
que nos quebram os ossos ao arrastar
o corpo sufocado pela massa que o envolve,
que nos sufoca o pensamento
recorrente de que o fim não é o fim o fim não é o fim o fim não é o fim
e os ossos que se partem pelo caminho já não doem tanto assim
e quando o fim chega ao fim, não é mais do que um outro salto de cascata
que nos quebra mais um pouco até não haver o que quebrar
até seres disforme mistura de água, corpo e mente
até deixares de ser o que alguém sente
até deixares de ser e seres parte do que é toda a gente.
quem é que engano?
foram crimes de antanho, tentativas frustradas
de roubar e sair com vida de um
buraco fundo, tão fundo como o céu.
quem, lá de cima, espreita para o teu umbigo
com um interesse desmedido e
abre o postigo para te deixar entrar,
é o mesmo que te oferece
com desprezo dedicado
um pontapé disfarçado
de abraço salutar