Apertado entre os teus dedos,
um cigarro debatia-se devagar
consumindo-se por dentro
enquanto os teus lábios
não o beijavam até ao fim
Deixaste-o arder,
enquanto o olhavas
com um olho sorridente
e o outro meio fechado pela mão que sustinha a face cansada,
essa linha laranja de fogo e fumo transformar-se
num rápido vaticínio de morte.
Puxaste um trago de fumo azul
rapidamente expelido pelas narinas
adormeceste no café
enquanto os dedos te queimavam
Nem isso te acordou
Nem quando te levantaste
desprezando as moedas
com que compraste o tempo
necessário para um cigarro morrer
apertado entre os teus dedos,
continuaste a dormir.