à eterna vontade de fazer sobrepõe-se
a falta de jeito,
a ausencia de arte,
o nulo sacrifício
e a eterna preguiça.
não há volta a dar,
o que na cabeça soa lá,
na prática é um dó.
à eterna vontade de fazer sobrepõe-se
a falta de jeito,
a ausencia de arte,
o nulo sacrifício
e a eterna preguiça.
não há volta a dar,
o que na cabeça soa lá,
na prática é um dó.
A lingua presa do feito e refeito,
do já está e não volta.
Sempre o fim, e do fim e ao cabo,
que deixou estreito, feito e refeito,
a alternativa de fazê-lo melhor.
Do foi e não foi, fui o grande imperfeito
que esqueceu o malfeito
e vive, por defeito, infeliz e melhor.
Do salto maldito, do dia perdido,
da viagem do engano,
do engenhoso plano
de ter uma vida que se pensa maior.
Esperando o final, em aberto despeito,
escolhido por outros, em aberto rancor.
O erro está feito, e dentro do peito
carrego o defeito de não ser pior.
atirei-me de olhos abertos
chorei no caminho, o vento a bater na cara como minúsculas agulhas
lâminas que separavam a pele dos músculos e os músculos dos ossos
vi o fim chegar, toquei-lhe com a ponta do nariz
tão perto que o cheiro da calçada molhada
e do sangue derramado
nunca mais me largou
com o cheiro a terra molhada, relembro as largadas de toiros ("à moda de pamplona") que a infancia levou, entre dores de barriga por comer tanto tremoço, enquanto se espreitava uma nesga do boi por baixo da paliçada construída para o efeito. e é por isso que os meus amigos, que são tão amigos meus como dos animais, não compreendem porque não os acompanho em marchas inúteis e verdes palavras de ordem.