pálpebras pesadas
a meio do dia
pela lei da gravidade
já trabalhadas, egoísticamente,
alías, defeito de antanho,
como tudo o que me gere,
tudo o que me rodeia
e o que
é meu
meu meu
eu
eu
eu
eu
essas foram um dia levantadas,
foi um arcar de sobrolho apenas,
o suficiente para espreitar
o que vinha lá
e me sorria com tanta força
sem, desta vez, se rir de mim,
talvez tivesse sido o suficiente
para despertar
como se fosses
tempestade tropical
ou mesmo um vento fresco
que, naquele dia, me levantou
e rodopiou no ar, sem
bater com os pés no chão
e eu subi
e eu
e eu e eu
agarrei-me a ti
pensei que eu
não pudesse ser só
eu,
e juntos,
contraciclo
e tensão corrente,
saíssemos a
correr e voltar a
parar
respirar
olhar, de olhos bem abertos,
o vento que se tornou
parede à minha volta.
Agora, sem poder tropeçar
nem descansar
corro todo os dias
o teu ar fresco, que me acordou,
mantém desperto
cerca-me, revoluto,
enquanto corro, todos os dias
no olho do furacão.