Como tu sabes ser, às vezes oiço-me a pensar...
(mas tu imaginas, hoje, as dificuldades que estou a ter para acertar nas letras do teclado...)
Como tu sabes o que eu sou, mesmo assim, n imaginas o que eu SOU.
(como eu não sei aquilo que fui, mas muito menos imagino aquio que posso ser. Consigo imaginar quilo que serei.Por favor, não é isso que quero)
Como ninguém sabe quem sou
(mesmo que alguém, que me conhece desde que me viu virgem ao Todo, não faça noçao. daquilo que eu realmente sou. Quase tão pouca noção de mim como aquela que eu tenho)
Mesmo que eu não saiba o que é isto...
"Isto" é o mesmo que o "aquilo". "Aquilo" enquanto "coisa física" que. quotidianamente. se vê despojada de um qualquer ideal que, mais que o comunitário e institucionalizado, é o pessoal. O MEU.
O tal que me olha no espelho e se enche de perguntas banais sobre o que quer que seja que eu veja neste momento...
Hoje aproveito que tu (e TU TENS UMA LETRA GRANDE SÓ PARA TI) também me leias.
Sem ideais preconcebidas e com ecursos esilísticos amadores.
Atravessa as linhas e tenta, um dia (breve, que seja) perceber porque o irei fazer. A minha vida já foi, por demasiado tempo, a vida que não foi a tua. Nem que o tenha sido só para mim. Quanto te surpreender (e vou-te surpreender, porque só depois tudo isto te irá fazer sentido), lembra-te duma noite. Específica para mim, casual para ti, Uma noite em que, pelo gozo de podermos cantar em coro, dentro daquele carro (o tal que me poderia ter tirado a vida sem nos termos apercebido disso), cantámos uma música que, de tão foleira, se tornou o meu hino contigo. (tu nos agudos e eu nos graves - apesar do meu falsetto ser melhor que o teu e, mesmo assim, tu insistires nele. Eu era criança, os meus agudos -a naturalmente - seriam mais certos que os teus).
Peço-te que não me julgues - não tens, de todo, esse direito - mas peço-te que me compreendas como só tu o poderás compreender.
Sim, sei que vou aturar a conversa moralista e cinquagenária (quinquagenária? ou será mesmo quim quagenária? ah, e desculpa a expressão temporal desadequada ao estilo, mas temos que chamar o tempo pelos seus nomes).
Não me peças explicações enquanto não te der decisões.
Mas quando decidir, faz o teu papel, mas peço-te que não me julgues. Faz o teu papel como eu já fiz mais do que o meu. (a chantagem aprendi-a com a minha outra raíz e, para o bem e para o mal, é aquilo em que me tornei..).
Em jeito de despedida (precoce, muito precoce, porque egoísticamente, quero que me deixes de te ver antes de eu não te conseguir sentir ao meu lado, fortaleza invicta assente em ilusões e pés de barro), peço-te perdão por nunca ter sido aquilo que eu sei que alguma vez eu poderia ter sido para ti. Mas peço-te que não me julgues por aquilo que eu ainda não sei o que posso ser para mim.
A nossa vída, meu Pai (e agora assumo-o com todas as letras e sentidos que esta expressão alguma vez teve e terá), foi atípica. Hoje, não queria que fosse de outra forma. Obrigado por compreenderes (ou, assumidamente aturares) o que eu sou. Mas não me peças nunca mais aquilo que eu poderei vir, ou não, a ser. Deixa-me ser. Sei que posso vorrer o risco de dar um trambolhão, parir o nariz contra o chão, magoar-me, ser carne mole contra a parede. Mas sou eu (EU) que o estou a fazer. Sei que me será difícil, senão impossível, fazê-lo sem tu o compreenderes. Mas, se não fores tu a compreender, mais ninguém compreenderá. Amo-te do fundo do meu coração e espero que um dia o meu (sim, um rapaz, inteligente como o avô) te reconheça como tal. Mas hoje, por favor, deixa-me saltar. Deixa-me não ver o que está à minha frente, não ouvir expectativas, ser aquilo que sou.
Peço-te para que, quando me arrepender (e espero que nunca seja preciso) tu sejas a minha parte madura, a parte que não me diga "eu avisei-te" mas que me digas "e agora, para levantar, o que é preciso?" e me deixes a pensar nisso. Sabes que sou menino. Têm sido os dias (e já é TARDE) em que preciso de ser homem. E, não me fodas, tu quiseste fazer o mesmo.Não duvido e acho que, se me disseres o contrário, mentes-me.
Pior do que isso, mentes-te a ti próprio.
E não há nada pior do que enganarmos o nosso passado reescreveendo-o. Detesto escrever por metáforas, mas não o consigo fazer doutra forma. É a minha única maneira de escrever. Pode ser que um dia, lendo-me, me consigas interpretar como consegues interpretar os que lês para o teu mester (duvidei entre mester e mister, mas mister soa a treinador do Montagraço FC e mester soa, quando lido, a um qualquer estrangeirismo.. Tenho que ler mais clássicos portugueses).
Desculpa não escrever com a mesma velocidade a que penso mas o que penso, espero eu, vale mais do que aqulo que alguma vez escreverei.
Quero ter essa oportunidade. De lutar. com já tive há 8 anos, e resultou. Pode ser que desta resulte melhor. Ou não. Só o saberei mais tarde.
Se tens confiança nessas tais capacidades que tu (vocês os 2) me reconhecem todos os dias e que vêem a ser desperdiçadas, apoia-me. Sei que é egoísta. Não o nego.
Mas preciso de saber que, um dia, quando eu "chutar o balde" por não conseguir viver mais com aquilo em que vocês me tornara enquanto homem adulto (e ainda bem, tão bem, que o fizeram), que vocês fariam como eu faria ao meu filho.
Adoro-te do fundo do meu coração, com toda a lamechice daí inerente. Hás de (ou como se diz por aqui, "hádes") ter 100 anos e eu deitar-te-ei a língua de fora. Tu vais saber o que eu te quero dizer. Não espero mais do que uma reacção paternal. A tua lingua, imberbe e centenáriam pra fora da tua boca com dentes a fingir ;)
(desculpa a linguagem mal cuidada e os erros de ortografia e de concordâncias e etc., as letras "comidas" e "cortadas".` Não sei se sabes, mas só escrevo enquanto penso. Se penso no que vou escrever, nunca escrevo o que já pensei)
PS: não me venhas com merdas de conversa de avôzinho. Contigo (ou sem "tigo"), a minha decisão está tomada, Preferiria que a compreendesses. É que, se não fores tu, só eu a vou compreender, Falamos melhor no futuro.